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Crítica | ‘Nosso Sonho’: A alegria do funk melody nas telonas

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Nova cinebiografia brasileira homenageia o estilo musical e enfatiza o poder da amizade

“Nossa história vai virar cinema”, é um dos versos de Coisa de Cinema, faixa lançada por Claudinho e Buchecha em 1999, que, 24 anos depois, se tornou realidade: Nosso Sonho se junta à títulos como Meu Nome é Gal entre as cinebiografias mais aguardadas do cinema brasileiro em 2023. Dirigido por Eduardo Albergaria, o filme retrata a história da dupla de mc’s que marcou o cenário do funk melody no final dos anos 1990 e começo dos anos 2000, evidenciando o poder da amizade e da música na superação de desafios. 

Narrada por Buchecha (Juan Paiva), a história resgata momentos desde o primeiro encontro da dupla enquanto ainda criança, até seu reencontro na juventude e a idealização da carreira musical. A partir daí, os bastidores das composições, os shows e as apresentações na televisão são explorados com ênfase na diferença entre os protagonistas. Enquanto Claudinho (Lucas Penteado) é visto como o entusiasta que aproveita qualquer situação para alavancar a carreira, Buchecha representa o lado realista e pé no chão, sempre pensando nas consequências de cada atitude. 

Antes de se dedicar inteiramente à carreira musical, Claudinho era vendedor ambulante e Buchecha office-boy. Imagem: Reprodução/ Youtube

Por ser guiado pela perspectiva de Buchecha, aspectos centrais do filme, como a amizade dos mc’s e a essência de cada personagem são desenvolvidos de forma subjetiva, a partir de suas percepções. Isso se reflete na figura de Claudinho, representado de forma caricata que garante a comicidade da produção. Sem que sua vida particular seja explorada, ele é caracterizado pelo narrador, desde a primeira cena, como um anjo que salvou sua vida e alguém que ele não conseguiria viver sem.  A partir disso, tanto a ligação existente entre os dois quanto o personagem de Lucas Penteado compõem uma atmosfera mística e misteriosa, que transcende a dimensão terrena.

Aliada ao clima espiritual, a química entre Juan Paiva e Penteado contribui para a profundidade emocional do longa, que passeia pelos sentimentos do espectador de tal forma que o faz rir com a mesma facilidade que o leva às lágrimas. Ambos os atores, que já haviam trabalhado juntos antes, pareciam inteiramente confortáveis ao dar vida aos personagens exaltando suas particularidades, com destaque para a naturalidade com a qual o intérprete de Claudinho incorpora o modo de falar do cantor, que tinha língua presa.

Para além dos protagonistas, o elenco de é composto por nomes como Lellê, Tatiana Tiburcio, Nando Cunha e Clara Moneke. Imagem: Reprodução/ Youtube

A trajetória dos mc ‘s abre espaço para que Nosso Sonho resgate e dê protagonismo ao funk melody, que fez sucesso no Brasil na década de 1990 e, ao contrário do estilo “proibidão”, mais popular na atualidade, é caracterizado por letras românticas e batidas rápidas e dançantes. De forma coesa, a produção adiciona a discografia de Claudinho e Buchecha nas sequências de cenas e torna a narrativa dinâmica ao homenagear o trabalho dos artistas e mostrar seu avanço na indústria musical com formato semelhante ao já visto em trechos de Bohemian Rhapsody (2018) quando são mostrados os locais em que a banda Queen se apresentou. 

Juntamente à trilha sonora, a ambientação do filme contribui para a imergir o público no universo do funk carioca. Tanto os figurinos dos personagens quanto a fotografia se alteram com o decorrer do tempo e acompanham o crescimento da dupla fazendo jus à sua estética, diretamente relacionada com a época e o local onde viviam. Vale destacar trechos em que a edição e a atuação se combinam e reproduzem, com exatidão, momentos vivenciados por Claudinho e Buchecha na vida real, a exemplo da participação no programa Jô Soares Onze e Meia. 

Interpretando Claudino de Souza, pai de Buchecha e um dos personagens centrais da narrativa, Nando Cunha representa com maestria o alcoolismo e suas consequências ao indivíduo afetado pela condição. Imagem: Reprodução/ Youtube

Acompanhando o passo a passo da dupla até o sucesso, Nosso Sonho representa a periferia nacional de forma leve, mas sem mascarar os problemas que a envolvem. Assim como não existe “Buchecha sem Claudinho”, é impossível separar o filme da alegria, já que mesmo quando algumas cenas levem o público às lágrimas, não há margem para qualquer sentimento ruim. O dinamismo e a carga emotiva propostos e entregues pelo conjunto da obra a torna acessível para todos os públicos: os que são fãs da dupla, os que não os conhecem e os que querem ver apenas por lazer. 

Avaliação: 5 de 5.

NOSSO SONHO ESTREIA DIA 21 DE SETEMBRO NOS CINEMAS.

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