Críticas
CRÍTICA | ‘TINNITUS’: a história de uma atleta através da sensibilidade sonora
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O filme brasileiro Tinnitus, dirigido por Gregório Graziosi, chega aos cinemas brasileiros no dia 22 de junho. Premiado em três categorias no 50º Festival de Cinema de Gramado, ele retrata a reabilitação de Marina Lenk (Joana de Verona), uma renomada atleta de saltos ornamentais, priorizando a imersão dos espectadores em seu universo e seus estados psicológicos por meio de recursos sonoros.
A produção conta a história da atleta quatro anos após se acidentar durante uma prova olímpica devido a uma crise de Tinnitus, que corresponde a um barulho incômodo dentro do ouvido. Ainda em tratamento, Marina decide retomar sua carreira enquanto lida com os efeitos da condição sobre diversos aspectos de sua vida, como o seu relacionamento com o namorado, o pacato emprego de sereia em um aquário paulistano e sua saúde mental.
Um dos arcos principais é o distúrbio auditivo da protagonista, que é o ponto de partida dos episódios vivenciados por ela e, por isso, se faz presente durante toda a trama. Algumas cenas são direcionadas especificamente a ele, mostrando o tratamento, os estudos e os encontros do grupo de apoio para pessoas com Tinnitus. Nessas sessões é apresentado Inácio (Antônio Pitanga), um senhor que sofre com o zumbido desde que sua esposa faleceu. Ao contrário dos outros personagens, ele compreende o que Lenk passa e, mesmo com pouco tempo de tela, é responsável por depoimentos marcantes sobre o assunto e suas diferentes perspectivas.
A relação de Marina com a condição, por sua vez, não é explorada a partir de declarações, mas sim pelo jogo de imagens e pela trilha sonora de Tinnitus. Classificado como um filme experimental, ele é caracterizado pela presença constante do zumbido em seu áudio, com variações de acordo com as sensações da protagonista no decorrer das cenas. Dessa forma, o espectador é transportado para o labirinto psicológico da personagem ao assistir a história, experiência que, por depender da boa qualidade do som, pode não ser tão interessante fora dos cinemas.
O esporte também é destaque na narrativa. A dedicação e a rotina de um atleta são representados de forma a mostrar os saltos ornamentais não só como profissão, mas uma paixão e elemento chave para a manutenção da saúde mental de Marina, que passa por cima de suas dificuldades para voltar a praticá-los. A partir disso, Graziosi utiliza o namoro da personagem para discutir o poder de escolha e liberdade feminina em relacionamentos tóxicos, marcados pelo controle de uma parte pela outra.
As personagens Luisa (Indira Nascimento) e Teresa (Alli Willow) agregam ao longa ao revelar como o trabalho em equipe e a competição se manifestam no cotidiano atlético. No entanto, a relação de Lenk com ambas não é desenvolvida de forma clara e, assim como outros elementos da história, abre margem para diferentes interpretações por parte do público.
Tinnitus é uma abordagem cuidadosa sobre uma temática comum, e discute uma diversidade de assuntos por meio de diferentes aspectos da linguagem cinematográfica, deixando-os abertos à interpretação do público. Ao apelar para a experiência sensorial de quem o assiste, o longa de Graziosi permite um maior envolvimento com a protagonista, mas pode não ser a melhor opção para uma audiência sensível em relação aos temas abordados.
Tinnitus estreia nessa quinta-feira, 22, nos cinemas.
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