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Críticas

“O porteiro” – Do teatro para as telonas, a comédia vive no cinema brasileiro

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Quando se fala em cinema brasileiro é impossível não pensar nas comédias clássicas que estouraram em todo o país, algumas até com reconhecimento internacional, como “O auto da compadecida”, “Até que a sorte nos separe”, “Minha mãe é uma peça”, e dentre outros que fizeram parte da vida dos brasileiros, direta ou indiretamente. Em sumo, o gênero de comédia sempre esteve em destaque quando se fala em cinema brasileiro. 

Durante a pandemia, com o fechamento dos cinemas, muitas obras primas foram criadas no audiovisual nacional, mas além de irem agora para os serviços de streaming, o cinema brasileiro começou a tomar um ar melancólico e dramático, fruto de uma sociedade em modo literal e figurado doente. 

Agora, enquanto o mundo tenta voltar a uma normalidade que talvez não exista mais, a comédia é ainda mais necessária para fazer com que o mundo não apenas seja um lugar menos melodramático, mas também tem o intuito de trazer entretenimento e diversão para todos que precisam espairecer a mente e soltar risadas genuínas. 

“O porteiro”, filme de adaptação da peça teatral do mesmo nome, conta a história de Waldisney, o porteiro de um prédio como qualquer outro, mas com moradores caricatos e inusitados, que estão a todo tempo fazendo da vida de Waldisney um grande desafio. O filme se baseia no relato que o porteiro conta para o delegado após um assalto ao prédio.

O filme é divertido e leve, como qualquer boa comédia deveria ser. É impossível não rir com as piadas e referências, e acima de tudo é impossível não sorrir com o carisma dos personagens. Todos os atores entregam um show de talento e carisma, mas os grandes destaques são o do protagonista Alexandre Lino (Waldisney) e Cacau Protásio (que interpreta a zeladora do prédio, Rosivalda). Lino e Cacau são um puro espetáculo de tudo que a comédia nos traz de bom, o simples sentimento de poder esquecer seus problemas por pouco mais de uma hora e meia.

O filme não é uma obra prima do cinema, longe disso. Em detalhes mais técnicos, o filme talvez pareça apenas mais um projeto de baixo orçamento com um roteiro simples. Os personagens seguem a linha do “personagem tipo”, trazendo estereótipos óbvios e sem profundidade, mas isso não se aplica ao protagonista, que tem uma aplicação maior da sua personalidade e de suas razões de ser. 

Além do humor óbvio, muitas pequenas referências foram adicionadas, dentre elas, foi citada uma antiga moradora do prédio chamada “Dona Hermínia” que foi confirmada como uma homenagem ao inesquecível Paulo Gustavo. 

O filme conta também com uma música original, “Eu sou porteiro” interpretada e produzida pela dupla sertaneja Jaqueline e Luciana exclusivamente para o filme, além de contar com outras músicas não-originais como “Alô, Porteiro”, da grandíssima Marília Mendonça.

A representatividade e sua importância dentro da obra

Tivemos o prazer de participar de uma coletiva de imprensa com parte do elenco principal do filme, e entendemos um pouco mais sobre a construção dos personagens no filme.

Alexandre Lino contou um pouco sobre como a apresentação de um personagem nordestino, morando no Rio de Janeiro e trabalhando como porteiro, representava não apenas uma, mas várias classes que muitas vezes são esnobadas dentro do cinema nacional e mundial. Lino expôs como sobre a intenção do filme e da peça é trazer ao protagonismo personagens que são em seu geral tratados como secundários e figurantes, isso mesmo até na vida real.

A classe operária sempre é deixada de lado, esnobada, ou tratada de maneira rasa e marginalizada em certas obras, e a intenção da produção era fazer o exato contrário disso. A produção contou que organizou uma sessão exclusiva para porteiros antes da estréia oficial, pois queria a opinião dessa classe trabalhadora e não trabalhá-la de forma plana e sem a leitura sensível de quem queriam retratar.

A produção também contou detalhes da adaptação do teatro para o cinema. Sobre como os silêncios foram introduzidos de forma a convidar o público a rir sem perder a fala dos personagens, sobre como o elenco foi moldado inteiramente por um esquema “boca-a-boca” montando um elenco formado por grandes amigos.

Avaliação: 3 de 5.

“O porteiro” estreia dia 31 de agosto em todos os cinemas do Brasil.

https://www.youtube.com/watch?v=twyc-KBTkqw
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