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O som do Universo Cinematográfico Marvel

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Instrumentais, lançadas previamente ou compostas para os filmes, as músicas são essenciais para a trajetória dos super-heróis

Quando o assunto é o Universo Cinematográfico Marvel (UCM), rapidamente se pensa em super-heróis, vilões e teorias. Mas, por trás disso, há um elemento importante para a ambientação das narrativas e a comoção gerada pelas cenas: as trilhas musicais. Seja rap, disco, rock ou pop, os filmes reúnem grandes sucessos que já os levaram, inclusive, a competir pelo Oscar 2019 na categoria de Melhor Trilha Sonora Original com Pantera Negra (Black Panther, 2018) e, três anos mais tarde, em Melhor Canção Original com Lift Me Up, música de Rihanna para Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (Black Panther: Wakanda Forever, 2022).

Cada longa-metragem traz consigo músicas características do gênero ao qual pertence carregando uma identidade sonora. No que diz respeito aos super-heróis, é comum a utilização de instrumentos de sopro confeccionados em metal, como as trombetas, que dialogam diretamente com o tipo de comoção exigida pelas histórias. Além do uso de elementos característicos do gênero, por fazerem parte de uma franquia e compartilhar o mesmo universo, os filmes da Marvel possuem elementos sonoros em comum, que demarcam a ideia de pertencimento e conexão entre si.

A composição de uma trilha original

Por mais que músicas faladas tenham grande repercussão, elas não representam a totalidade sonora de uma trilha, que é dividida entre composições originais e canções pré-existentes. A primeira corresponde às faixas instrumentais que dialogam com o estilo clássico e assumem caráter atemporal e universal, além de serem diretamente associadas a determinado grupo de personagens, como The Avengers, produzida por Alan Silvestri para o longa Os Vingadores (The Avengers, 2012).

De acordo com Eduardo Vicente, professor do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da ECA-USP, é comum que as faixas assumam posição extradiegética, ou seja, não se ligam, necessariamente, a uma ação, mas tocam ao fundo e contribuem para a ambientação da narrativa. “Não são músicas feitas para chamar a atenção do espectador que, muitas vezes, nem as percebem, mas sim para concentrar sua atenção no filme e reforçar o sentimento que se espera dele para cada cena”.

A trilha original de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (Spider-Man: Across The Spider-Verse, 2023), composta por Daniel Pemberton, ganhou uma versão em vinil duplo que pode ser comprada pelos fãs.

Criada a partir da história em etapa de finalização, a trilha original é gravada usando o próprio material cinematográfico como referência para a escolha de instrumentos e ritmo. Na estréia do Homem de Ferro nas telonas, por exemplo, o compositor Ramin Djawadi optou por priorizar a guitarra e se aproximar do estilo heavy metal visando ajudar na construção da imagem de Tony Stark (Robert Downey Jr.). Já na produção da trilha de Capitão América: O Primeiro Vingador (Captain America: The First Avenger, 2011), Alan Silvestri optou por melodias românticas e com alusão ao patriotismo, pontos centrais da trajetória do protagonista.

Apesar de serem diferentes para cada longa, as faixas originais do UCM tem uma característica em comum: o perfil de seus compositores. A maioria esmagadora dos profissionais são homens brancos, de origem européia ou norte-americana, incluindo produções que demandam representatividade, visto que os dois filmes do Pantera Negra tem as músicas feitas pelo sueco Ludwig Göransson. No que tange à desigualdade de gênero, o cenário se repete e Capitã Marvel (Captain Marvel, 2019) foi o primeiro a contar com uma compositora mulher, a musicista turca Pinar Toprak. Mesmo Viúva Negra (Black Widow, 2021) foi trabalho do escocês Lorne Balfe, e o cargo só voltou a ser ocupado por uma figura feminina em As Marvels (The Marvels, 2023) com Laura Karpman.

As canções

Ao contrário das faixas instrumentais, canções como Just A Girl e Dog Days Are Overaparecem em primeiro plano e ocupam uma posição importante no episódio, servindo de base para a sua construção. “Normalmente, a cena não tem tantos diálogos ou, às vezes, fala nenhuma. Toda a trilha sonora daquele momento é a música e a sequência de acontecimentos é construída de modo a se aproximar do valor emocional, trazendo recordações ao personagem e ao público”, afirma Eduardo. O professor também aponta para o conteúdo político-social por trás do significado das letras: “Canções de Pantera Negra, por exemplo, evocam o movimento dos direitos civis e a tradição da black music norte-americana. Existe uma conexão do filme com discursos e causas que são reais e que também se dão através do som”.

A cantora TEMS gravou uma nova versão de No Woman No Cry, cantada originalmente por Bob Marley, para compor a trilha sonora de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre.

A proximidade entre a indústria musical e cinematográfica existe desde os anos 1930 e configura uma relação de ajuda mútua, em que uma promove a outra e vice-versa. Mesmo que optar por hits seja uma boa estratégia para alavancar um filme ao aproximá-lo do público, a seleção de faixas prioriza o sentido e a sensação esperadas pelo roteiro e o diretor. “O longa-metragem é um produto extremamente caro e que precisa ser feito com cuidado. Nesse sentido, as músicas são usadas para servir a ele e não o contrário”, explica o professor.

Por outro lado, algumas produções acabam por fazer com que lançamentos antigos retornem às paradas, como foi o caso de Dog Days Are Over da banda Florence and the Machine, cuja procura mundial na plataforma Deezer cresceu 223%  depois de Guardiões da Galáxia Vol.3 (Guardians of the Galaxy Vol. 3, 2023). A trilogia de James Gunn é conhecida por retomar sucessos dos anos 1970, tal qual Come and Get Your Love, que se tornaram marca registrada não só de Peter Quill, mas de toda a equipe

A primeira cena dos Guardiões nas telonas apresentou a famosa dança de Peter Quill e é apenas uma das muitas que colocam clássicos musicais em primeiro plano.

Já outras obras do UCM, como Homem Aranha no Aranhaverso (Spider-Man: Into the Spider-Verse, 2018), tem canções compostas especialmente para si. Neste processo, além de aproximar parte do público que acompanha o cantor(a) responsável pela faixa, as produções do estúdio ainda têm a chance de concorrer a categoria de Melhor Canção Original do Oscar. “Essa música é ainda mais presente dentro do filme, tem até um Oscar especial para isso. Então alguns diretores querem ter uma canção, entre outros motivos, também para ganhar esse prêmio”, afirma Eduardo. O estúdio competiu a estatueta na edição de 2023 com Lift Me Up, mas perdeu para Naatu Naatu, lançada para RRR: Revolta, Rebelião, Revolução (RRR, 2022), da Netflix.

Apesar de, algumas vezes, passar despercebida ou não ter grande repercussão, as trilhas musicais são parte essencial dos filmes que acompanham, sejam eles de terror, ação ou romance, e dão a eles uma identidade sonora. No que tange aos super-heróis, além de conferir comoção e ritmo às cenas, o som ainda pode se tornar tema de um personagem, contribuindo para a construção de sua imagem.

As trilhas sonoras da Marvel você pode encontrar no Spotify.

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