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CRÍTICA | “Culpa e Desejo” e as nuances humanas de Catherine Breillat

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CULPA E DESEJO (2023) DE CATHERINE BREILLAT - L’été dernier (2023) - FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS

Reflexões sobre Culpa e Desejo e Moralidade na Obra Intrigante de Catherine Breillat

Por Kim Gomes | Letterboxd

No intricado tecido da mente humana, as teorias de Sigmund Freud sobre culpa e desejo permanecem como faróis que iluminam as profundezas do psiquismo. Para Freud, a culpa não é apenas uma reação moral, mas uma interação complexa entre o superego, que internaliza normas sociais, e o id, impulsionador dos desejos mais primordiais. Nessa constante batalha do que é socialmente aceito e os impulsos mais instintivos, a culpa emerge como um fiel da balança psíquica, mediando entre o prazer e a angústia.

Ao mesmo tempo, Freud desvenda o intricado emaranhado do desejo, dividindo-o em Eros, a pulsão de vida que busca satisfação e preservação, e Tanatos, a pulsão de morte que envolve impulsos autodestrutivos. Essas forças opostas delineiam os contornos da psique humana, influenciando a maneira como navegamos pelos intricados labirintos do comportamento. Ao lançar luz sobre as complexidades da culpa e do desejo, Freud nos fornece as ferramentas conceituais necessárias para explorar a trama instigante de “Culpa e Desejo”, a mais recente obra de Catherine Breillat.

CULPA E DESEJO (2023) DE CATHERINE BREILLAT - L’été dernier (2023) - FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS

“Culpa e Desejo” marca o retorno impactante de Catherine Breillat ao cenário cinematográfico, explorando corajosamente um tabu através da vida complexa de Anne, interpretada com maestria por Léa Drucker. Breillat adota uma abordagem intimista com enquadramentos que aproximam o espectador dos personagens, permitindo uma leitura quase telepática de suas mentes e tornando as situações constrangedoras igualmente conflitantes para quem assiste.

A fluidez com que Breillat conduz a trama é notável, aprofundando a relação entre a advogada mais velha e o enteado adolescente. A neutralidade inicial evolui para uma proximidade quase amorosa, apenas para desembocar em manipulação e tristeza. A interpretação de Samuel Kircher como Théo é convincente, destacando a indiferença do jovem em relação às possíveis consequências de seus atos, porém é notável a falta de emoções mais complexas.

A diretora, que também assina o roteiro, desafia as convenções morais e explora a fronteira entre a relação parental e o envolvimento amoroso, sem transformar o filme em uma exploração erótica. O conflito interno do espectador, conforme Freud descreve a culpa como o meio termo entre angústia e prazer, é evidente. A audiência se vê dividida entre a angústia do tabu retratado, a culpa por se envolver na trama e o prazer de continuar assistindo, na esperança de uma conclusão satisfatória.

“Culpa e Desejo” busca conquistar o público desafiando as noções convencionais de moralidade e impulsos sexuais. A obra é intrigante tanto por seu enredo envolvente quanto pela habilidade da diretora em lidar com a temática de forma sensível, evitando transformá-la em um espetáculo de erotismo gratuito. No entanto, a falta de julgamento explícito sobre os acontecimentos pode gerar desconforto em alguns espectadores, evidenciando que a obra não é destinada a todos os gostos.

Avaliação: 3 de 5.

‘Culpa e Desejo’ estreia nesta quinta-feira, 23 de novembro, em cinemas selecionados.

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