Crítica | Não Fale o Mal (2024)

Raramente vemos algum remake sendo feito poucos anos depois do original ter sido entregue ao público, mas neste caso específico de Não Fale O Mal, esta versão se difere bastante quando chegamos na parte final do filme e para alguns isso pode ser positivo ou negativo, dependendo do gosto pessoal de cada espectador.

O filme começa mostrando o casal Ben (Scoot McNairy) e Louise (Mackenzie Davis) juntos com sua filha Agnes (Alix Lefler) em uma viagem de lazer pelo interior da Itália, quando acabam conhecendo outro casal formado por Paddy (James McAvoy) e Ciara (Aisling Franciosi) com também seu filho chamado Ant (Dan Hough). Durante essas férias, os casais vão se encontrando várias vezes até começarem a se conhecer realmente e formar uma amizade que seria tão assustadora quanto os motivos por trás.

As férias acabam e a família de Ben e Louise acabam voltando para Londres, local aonde moram depois de se mudarem dos Estados Unidos. Ben era sócio de uma franquia que acabou fechando antes mesmo de começarem os trabalhos em outro país, enquanto Louise era professora e acabou largando tudo isso para mudar de ares em favor do seu marido. A vida do casal não estava das melhores com ambos tendo que lidar com sua filha de 11 anos que não queria se separar do seu coelhinho de pelúcia, sendo assim decidem que visitar o casal de amigos que conheceram na viagem seria bom para se distraírem da vida infeliz que tinham.

Após quase se perderem no meio do caminho, finalmente chegam na fazenda de Paddy e Ciara. Os casais estavam se dando muito bem e isso incluía também os filhos, mesmo com alguns momentos já estranhos rolando ali em cena. No começo, Louise fala que é vegetariana e por isso não come carne, mas logo após chegar na casa de Paddy o mesmo oferece carne para a mesma que acaba comendo depois de muita insistência do anfitrião. Os momentos de desconforto só iam crescendo a medida que os dias se passavam ali no interior.

Louise foi a primeira a se sentir bastante desconfortável naquela situação e com razão. Aquele casal não era o que ela pensava que fosse e tinham comportamentos bem bizarros, como a vez que Louise acabou flagrando sua filha Agnes dormindo na cama com Paddy, Ciara e Ant, sendo que o casal estava praticamente sem roupas com duas crianças. Esse foi o estopim para Louise que decidiu de uma vez por todas ir embora daquele lugar. A tensão ia crescendo rapidamente até criar um clima de completo sufoco, cada vez que ambos os casais estavam no mesmo lugar dava para sentir um desconforto, principalmente nas reações de Louise.

O que difere essa versão do outro filme de 2022 é que o final é bem mais agradável, pois aqui os personagens que estamos torcendo para se safarem acabam realmente o fazendo. É recomendável que o espectador assista as duas versões para obter a máxima experiência do que esses filmes podem trazer e decida qual final lhe cabe mais. Uma coisa boa pra salientar é que aqui a direção é muito boa, dando closes nos personagens que eram necessários para dar ênfase ao clima do filme, seja ele bom ou ruim.

O roteiro é basicamente o mesmo entre as duas versões, com exceção de algumas mudanças no decorrer da história e principalmente nos eventos finais. Mesmo com as mudanças, ele continua excelente e intrigante, proporcionando bons diálogos e uma atuação espetacular de James McAvoy, que entende seu papel perfeitamente e faz um vilão de dar arrepios sempre que está em cena.

Essa versão de Não Fale O Mal é tão boa quanto a de 2022 mesmo com um final bem diferente, graças a boa direção de James Watkins, ao roteiro muito bem escrito e a atuação de tirar o fôlego de James McAvoy, na qual carrega muito da tensão e da intensidade existente por todo o filme. Dito isso, essa é a prova definitiva que nem todo filme precisa de jumpscares para ser considerado um terror, uma ótima pedida para os fãs do gênero.

Não Fale O Mal já está em exibição nos cinemas.

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